Minerva encerra feira projectando centenário
Não obstante, a feira ter sido concorrida, de alguma forma, paradoxalmente, tal movimento não traduz as expectativas de venda que se esperava. Ou seja, as vendas ficaram aquém das reais expectativas da firma, segundo referiu Edith Carvalho, gerente da Minerva Central, que falando ao “Notícias” associa o facto ao fraco ambiente de negócio que a praça atravessa.
“Neste momento, não há negócio. As pessoas não têm dinheiro. O dinheiro que chega às mãos é destinado para satisfazer as necessidades básicas da família. Mesmo tendo vontade de comprar um bom livro, as pessoas infelizmente não podem satisfazer esse desejo”, lamentou.
Nesta mostra, estão patentes milhares de títulos, obras para todos os gostos, com propostas de maior destaque para a literatura moçambicana e internacional. Esta feira promove em larga medida, por assim dizer, a literatura moçambicana, desde José Craveirinha, Calane da Silva, Juvenal Bucuane, Armando Artur, Mia Couto, Elísio Macamo, Paulina Chiziane, Naguib, Chichoro, João Paulo Borges Coelho entre outros.
Figuram ainda prestigiadas editoras mundiais tal é o caso da “Porto Editora” e “Bertrand”( só para citar alguns) que mostram um leque variados de obras, de grande qualidade. É uma feira completa, diga-se.
São vários os autores patentes nesta realização. Alguns livros podem ser consideradas como raridades.
Como já era de esperar, o maior número de visitantes foi de estudantes e professores que mesmo sem poderem comprar, lá se dirigiam para ver aquilo que são as grandes novidades da literatura mundial.
Entretanto, a Minerva Central que caminha a passos largos para assinalar os seus 100 anos de existência, já no próximo ano, está a perspectivar este acontecimento da família Carvalho, que gere o negócio desde a sua fundação a 14 de Abril de 1908. É um século de persistência – no ramo livreiro, papelaria e tipografia – na valorização dos valores e desígnios do seu fundador, um homem assumidamente apaixonado pelo livro.
Escritores têm potencial para embaixadores culturais de Moçambique
Em Mayotte : Artistas nacionais assinalam abolição da escravatura
II Feira do Livro pela cultura e pelo saber
A iniciativa que o ano passado fez convergir no Jardim do Professor, vários amantes e agentes do livro e da cultura, é do Grupo Culturando, que congrega responsáveis de centros culturais como o Franco-Moçambicano, Brasil-Moçambique, Instituto Cultural Moçambique-Alemanha (ICMA) e Instituto Camões, para além de missões culturais de várias representações diplomáticas estrangeiras na capital do país.
Contam com a parceria do Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD), público, e a produtora Naturalmente Marketing Social, entidade privada baseada na capital do país.
A ideia de promover a feira está também associada às celebrações do 23 de Abril, Dia Internacional do Livro e do Direito do Autor, que tem passado discretamente no nosso país. Este ano será diferente por a efeméride coincidir com o período da Páscoa.
A edição deste ano da Feira do Livro de Maputo terá uma forte participação do Conselho Municipal da capital do país, do INLD, editoras, livreiros e outras instituições que promovam e o livro, um dos mais apetecíveis produtos culturais que a humanidade criou.
A edição de estreia do evento abriu precisamente na data mundialmente dedicada ao livro, 23 de Abril, durando igualmente três dias. Homenageou o poeta, escritor e jornalista Albino Magaia, que faleceu em 2010 e teve a participação de 25 feirantes, entre editoras, livreiros e produtores independentes. Foram na ocasião lançado sete livros e promovidas conversas e sessões de autógrafos com autores como Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, Mia Couto, Juvenal Bucuane, Calane da Silva, Januário Mutaquia, Sérgio Simital, Alex Dau, Pita Alfândega e Carlos dos Santos, saraus de poesia, monólogos e música ao vivo de artistas como Stewart Sukuma, a banda Likute e a orquestra Timbila Muzimba.
Pemba: Arranca hoje festival "Tambo Tambulani 2010"
Nesta segunda-feira, está prevista a entrada em cena de dois escultores zimbabweanos, bem como uma pintora e escultora das Ilhas Seychelles, para além do arranque do “Workshop” de artes plásticas com a participação do multiartista queniano, Tony Mboyo, o nigeriano Kola Akintola, a brasileira Ângela, Nangashinu N´taluma, que de Portugal traz na sua “bagagem”a arte Maconde, Mieke Oldenburg, escultora que vem de Maputo e quatro artistas pembenses, também calejados na escultura.
O programa do evento a que o “Noticias” teve acesso, indica a presença de 20 turistas nigerianos interessados no certame cultural, para além de outros dois cidadãos daquele país, e que são membros da Pacific Arte Galeny.
Para amanhã prevê-se a continuação do “Workshop” das artes plásticas, para além do painel de literatura que será moderado pela escritora moçambicana Paulina Chiziane, com a participação dos poetas zimbabweanos, Mbidzo Chirasha e Batsirai Chigama, do nigeriano Aderemi Abgbite, da poetisa brasileira Ângela, entre outros.
A dança também figura entre as modalidades culturais do Tambo/2010, destacando-se a participação de artistas oriundos da capital do país e, do Quénia e do Uganda.
Participarão igualmente grupos de Mapiko de Mueda, de canto e dança do distrito de Chiúre, para além dos “donos da casa”, o “Tambo Tambulani Tambo”, ao que se seguirá a visita ao histórico bairro de Paquitequete, onde os participantes assistirão à actuação do grupo de dança, Damba.
Os artistas vão também visitar a Escola de Música Edunia, que tem pela frente o conhecido músico Imamo Haje, o Centro Cultural Banguia “Mapiko Moderno”, a Cooperativa de Escultores “Bela Baía”, e de artesanato “Karibu Wimbi” e “Uiuipi”, na cidade de Pemba.
Estão também agendados “ workshops”, de música para os quais está confirmada presença do professor de música Orlando, vindo de Maputo, de nomes como M´bila Player, de Harare(Zimbabwe), Umkhathi Theatre Works, de Bulawayo, entre outros músicos nacionais e estrangeiros.
O teatro que é um dos “pratos fortes” da associação cultural organizadora do festival , vai também estar em debate tendo como moderadora a directora do grupo teatral Gungu, da capital do país, Manuela Soeiro, tendo como participantes, Given Jikwana, da Africa do Sul, Elizabeth Muchemwa, de Harare, Zimbabwe, entre outros, incluindo uma representação do Teatro Embassy, da Holanda.
A culinária vai também completar o “menú”cultural nos oito dias do Festival Tambo 2010.
- Pedro Nacuo
Semana moçambicana abre hoje na Alemanha
Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação deu a conhecer ao nosso jornal que a abertura oficial do evento será feita hoje contando com a presença do Ministro da Educação e Cultura, Aires Aly, no encerramento.
Para abrilhantar o evento partiram já para a Alemanha a Companhia Nacional de Canto e Dança, os músicos Wazimbo, Stewart Sukuma, Mingas, Sizaquiel, Neyma, os artistas plásticos Julieta Massimbe e Manqueu Mahumana. A mostra inclui a participação da artesã Otília Aquino e do Grupo teatral Mutumbela Gogo.
Fazem parte das comemorações palestras sobre a literatura com a participação de Nelson Saúte e Paulina Chiziane.
O evento é organizado pela Embaixada da República de Moçambique naquele país em coordenação com o Fórum Moçambique-Alemanha para a integração social e cooperação económica, tem o beneplácito do Ministério para a Cooperação Económica e Desenvolvimento da República Federal da Alemanha.
A mulher como "alicerce" da sociedade
SR. DIRECTOR!
Quase sinto vergonha caríssimas mulheres, por vos enviar este artigo com atraso, quando o ideal seria publicar no dia 7 de Abril. Mas com razão, pois não me encontrava liberto de esforços e outros estudos académicos. Já tinha as ideias mas restava-me colocar no papel e o desejo da eloquência me afligia.Perguntareis quando escrevo então? Escrevo o pouco que me roubo ao sono e à comida, e nesses intervalos acabei por concluira mulher como pilar da sociedade, e envio-vo-los, caríssimas mulheres, para que leiais, e se algo estiver errado mo desculpeis.
Desde o passado longínquo a mulher sempre teve um papel de destaque no seio de qualquer que seja a sociedade no mundo, servindo de "pilar da Humanidade", visto que ela é a fonte geradora da sociedade, comunidade, e da família em particular. Ela é a espinha dorsal de toda vida social, fonte de calor para o homem, afecto para os seus filhos, desde o período da gestação e durante toda vida humana. Ela é sempre prudente, firme e de cabeça erguida para melhor enfrentar os litígios que a afectam sua prole.
Mulher moçambicana! A mulher moçambicana foi sempre exemplar, lutando pela família e pela sociedade em geral. A título de ilustração, em 1962, quando eclodiu a guerra contra o regime colonial, a mulher não ficou "indiferente", tomou a iniciativa e liberdade de participar na guerra lado a lado com o homem, de modo a livrar a nossa nação do jugo colonialismo. As mulheres "engrossavam as fileiras" do Exército participando como bazuqueiras, comandantes, tendo as mesmas tarefas, tratamento e treinos com os homens.
Em 1967 funda-se o Destacamento Feminino, com vista a promover a sua emancipação, sua liberdade, e manter o seu comprometimento com a libertação do país. Destacava-se como uma das principais militantes, a Josina Machel, que descreveu a acção das mulheres com as seguintes palavras: "Muitas mulheres preferem o combate mais activo ao lado dos homens, em emboscadas e em operações de alocação de minas, onde provaram ser tão capazes e corajosas como qualquer dos seus camaradas".
A afirmação acima citada mostra-nos o quão a Josina Machel e outras mulheres estavam preocupadas em libertar a nação moçambicana do opressor.
Já em 1973 a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) empenhou-se em encorajar mulheres a participar plenamente na sociedade em pé de igualdade com os homens, e houve a necessidade de grande mobilização e organização de todas forças para o combate. Neste âmbito, o Comité Central da FRELIMO funda OMM (Organização da Mulher Moçambicana), com o intuito de reconhecer que as mulheres estavam a ter um papel cada vez maior na guerra.
Samora Machel na conferência da OMM, em 1973, condensava os objectivos sociais da revolução da FRELIMO: "A emancipação das mulheres não é um acto de caridade, o resultado de uma actividade humanitária. A libertação das mulheres é uma necessidade fundamental para a revolução".
Em 1976, a OMM e a FRELIMO discutiram os direitos da família. Machel fez uma serie de discursos sobre o tema da revolução das mulheres. A chave da emancipação seria a educação, a mobilização política e entrada para o sector moderno da economia. Através da OMM, as mulheres foram incentivadas a levar os seus filhos à vacinação e frequentar aulas de alfabetização. A OMM, acabou com a prostituição institucionalizada das cidades, e a poligamia, que era considerada uma forma de os homens recrutarem o trabalho das mulheres.
Mulher moçambicana hoje! A mulher ganhou espaço no seio da sociedade, conquistando as esferas social, económica, politica, e cultural; e promovendo o bem-estar.
Ela exerce um papel notável no combate à pobreza absoluta, bem como no combate a doenças que dizimam milhares de pessoas no país, tais como: o HIV/SIDA, malária, tuberculose entre outras.
No que diz respeito a desigualdades entre os sexos no mercado de emprego, nos dias de hoje verifica-se que as mulheres são privilegiadas, pois a taxa de emprego feminino tende subir e destaca-se em posições de chefia e em cargos políticos.
Fontes de inspiração hoje! Hoje as mulheres moçambicanas podem inspirar em figuras como, Maria de Lurdes Guebuza, que tem mostrado as comunidades os caminhos rumo ao combate à pobreza absoluta. Destaca-se ainda, a Primeira Ministra, Luísa Diogo, mulher líder por excelência, que através do seu discurso de liderança tem exercido o seu papel em várias esferas sociais.
A Graça Machel é uma figura emblemática, mulher empreendedora e acima de tudo carismática, que através da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade tem reforçado o Estado, contribuindo para minimizar o impacto social da pobreza.
Destaca-se ainda, o papel humanitário da Alice Mabota, a "dama de ferro", que através da Liga dos Direitos Humanos luta contra a violação dos direitos humanos. Não me esqueço da mamã Lina Magaia, Paulina Chiziane, Rosa Langa, que utilizam as suas lentes literárias em prol da valorização da cultura moçambicana.
As outras fontes de inspiração podem ser a Janet Mondlane e sua filha Nyelete Mondlane, mulheres trabalhadoras que se empenham em prosseguir algumas obras de Eduardo Mondlane, e pela revalorização e preservação da aldeia Nwadjahane-Mandlakaze.
A Lurdes Mutola, a mulher e a meta de ouro, é um exemplo a seguir, pois até hoje é um dos "símbolos" da nossa bandeira pelo mundo fora.
No Grupo Soico destacase, a Felizarda Zunguza (voz de machine), Bourdina Muala, Anabela Adrianópolos, Fátima Uaide e Graciete Carrilho.
A Glória Muianga e a Hermínia Machel são sem dúvida grandes figuras, mulheres das máquinas, são exemplos a seguir.
As grandes mulheres da música moçambicana, Mingas, Guê-Guê, Rosália Mboa, Elsa Mangue, Albertina Pascoal, Zaida Lhongo apesar de não pertencer o mundo os vivos.
Na nova geração destaca-se a Liza James, Liloca, Marlene, Ivânia, esta última que chamo de mulher exuberante e com performance.
Não me esqueço de congratular as mulheres académicas, docentes da Universidade Eduardo Mondlane, que tem contribuído arduamente no ensino e noutros projectos de desenvolvimento. Da vasta lista destaco, humildemente, as professoras: Ximena Andrade, Inês Raimundo, Ana Loforte, Esmeralda Mariamo. Pela postura académica e perfil profissional elas podem servir de fontes de inspiração para as jovens estudantes de hoje.
No dia 7 de Abril as "elites políticas" foram depositar flores no monumento dos heróis moçambicanos, em homenagem à Josina Machel e a todas mulheres moçambicanas. A cerimónia contou com a presença de sua Excia Presidente da República, Armando Guebuza, acompanhado por David Simango, governadora da cidade de Maputo, ministra da Mulher e Acção Social, entre outros.
Foi uma cerimónia impressionante, visto que mulheres de várias organizações estiveram lá presentes, a cantar e gritarem emocionalmente. Foi um momento impressionante ver o Presidente da República, dando força e mensagem de esperança as mulheres, dançando e cumprimentando todas mulheres ali presentes. Obrigado, por lutar pelo empowerment das mulheres. No meu dizer, elas são a espinha dorsal de toda vida social.
A todos homens vai um recado, STOP À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, pois não há justificação para violentar as mulheres, no dizer da Alice Mabota.
Por fim, dedico a todas mulheres moçambicanas, feliz semana da mulher, semana santa. Doravante tenham uma vida repleta de desígnios.
Faltam-me adjectivos para qualificar a mulher moçambicana!
- António Muchanga
Há uma teatralidade forte (em Paulina Chiziane e Mia Couto)
- GIL FILIPE
Duas perguntas para Laize eleita para uma antologia da AEMO
- ALEXANDRE CHAÚQUE
Uma feira cultural fria
MUTUMBELA GOGO: aniversário em Novembro, mas por agora Ibsen e... "Niketche"
Paulina Chiziane na Noite de Poesia
LITERATURA - Curandeirismo na era moderna
É uma história que decorre na cidade de Maputo e Catembe. Catembe pela fama que tem em assuntos relacionados com feitiçaria e que nos traz uma família (Mbelele) que se debate com o dilema de resolver um problema familiar pela via tradicional ou moderna.
Não é um assunto novo na literatura moçambicana, pois é possível deparar-se com assuntos do género em outras obras de outros autores moçambicanos tais como Paulina Chiziane em “Balada de amor ao vento”, e Ungulani Ba ka Khosa em “Ualalapi”. O que a distingue de outras obras é a forma de abordagem e a profundidade com que o tema é tratado. Chama atenção para o facto de assuntos ligados ao curandeirismo e a feitiçaria serem banalizados na actualidade apesar de fazerem parte do nosso dia-a-dia. Basta sair à rua e ver o número de anúncios de curandeiros espalhados pela cidade e até mesmo em Jornais.
Com oito capítulos e títulos sugestivos tais como “As Naturais Defesas Paternas”, “Viagem ao Santuário da vovó Zubaida”, “Kufemba – o exorcismo dos espíritos”, entre outros, levam-nos a uma reflexão profunda a condição de sermos africanos.
A história tem como protagonistas Nfezi e Tonina pais de Adamo. Estes são dominados pelos manes (espíritos dos mortos considerados divindades entre os gregos, desuses do paganismo) que os levam a procurar protecção junto dos curandeiros. Num primeiro momento nota-se uma resistência de Nfezi em consultar os adivinhos. Mas ao ver que tinham colocado “mphumelo” no seu filho, este decide ir consultar a “nyamussoro” para livrar o seu filho do “xipoko” que o atormentava.
A “nyamissoro” da história é a vovó Zubaida, por sinal muçulmana. “Nyamissoro” como profissão e muçulmana como religião. Uma “nyamissoro” moderna, com uma “ndhumba” construída em alvenaria e coberta de capim para não fugir a tradição. Vovó Zubaida que não conseguindo resolver o problema da família Mbelele na cidade de Maputo, os leva para o seu santuário na Catembe onde tudo acontece, onde nenhum “xipoko” sai em pune, iniciando assim um ciclo de consultas aos curandeiros que passou a fazer parte da vida dos Mbelele.
ARTES - Festival Tambo: Exemplo da universalidade da cultura
Quem não gostou de ver Paulina Chiziane a convidar a juventude a escrever sobre o seu povo e nunca sobre aspectos efémeros da nossa existência passageira pela superfície do planeta Terra, quem não se sentiu diferente, por isso, não esteve em Nanhimbe nem ouviu esta escritora moçambicana a falar num programa propositadamente aberto no canal da emissora católica local, a Rádio Sem Fronteiras. Chiziane disse que não é obra para respeitar aquela que fala de partes de um povo e não de todo o povo.
Por isso, para ela, escritor há-de ser aquele cujos conceitos e tratamento das matérias não morrem no mesmo dia em que os seus protagonistas morrem ou desaparecem do mapa sócio-politico. Dai que recomendou que os jovens que se pretendem candidatos a escritores, tenham em conta que as nossas origens são jazigos inesgotáveis de estórias nunca mortas!
Quem não viveu os momentos em que a meninada do Tambo Tambulani Tambo esteve a desenhar e a pintar, tendo à frente o titio Boinho, pintor do bairro de Paquitequete, coadjuvado por um holandês que para isso veio do seu país, via Nairobi, é porque simplesmente não esteve no festival que já deixou história.
Quem não se levantou e chorou de alegria, perante as melodias produzidas pelo grupo Mapiko de Macomia, com uma sincronização que lembra a interferência de algo tecnológico, incluindo o aumento e diminuição do volume do som produzido por uma orquestra, que na verdade eram pessoas vivas, com os nomes próprios, não esteve em Nanhimbe. O Mapiko de Macomia, mexeu em todos, sem distinção de idade, sexo, religião e todos ficaram dançarinos no espaço do centro cultural Tambo. Que o diga a Manuela Soeiro, que já tem a mala feita para, daqui há pouco, viajar para o distrito de Macomia, ir estudar o Mapiko e aquele grupo, no terreno.
Chiúre estava representado por três grupos, nomeadamente a Banda Órfã, a Companhia Distrital de Canto e Dança(uma maravilha três estrelas) e Wina Wáfrica. O Tufo de Maringanha, Rumba de Chiwiba e o grupo juvenil da ARO Moçambique, fizeram um conjunto que foi completado pelos jovens de Nacala, com as suas novas invenções da idade, através do AJN-Nacala, música ligeira. A chave para tudo isso, veio por via de Imamo Haje.
Valeu a pena a iniciativa, parecem dizer todos! Os estrangeiros convidados não têm palavras para caracterizar a originalidade do pensamento e realização do festival, em local rústico e sem poluição de toda a espécie. Hospedados como estavam na futura cidadela cultural da associação Tambo Tambulani Tambo, que tem como coordenador principal, Victor Raposo, conhecido artista de tudo, mas sobretudo no Teatro, Música, Pintura e… no seu pensar, sempre artístico!
A Ângela. Brasileira, Cristina, dos Estados Unidos e outros, sentiram-se órfãos na segunda-feira, quando os artistas e convidados iam regressando aos seus locais de origem. Foi como que o fim da alegria de cada um deles.
ACTIVIDADES CULTURAIS NA SEMANA DO LIVRO
Um “show” de poesia, ciclo de cinema e literatura do Cineclube Komba Kanema assim como a projecção do filme “Terra Sonâmbula”, realizado por Teresa Prata com base no romance homónimo de Mia Couto, também fazem parte das actividades agendadas para aquele lugar, que contempla ainda as actuações dos músicos Roberto Chitsondzo, David Macuácua, Xavier Machiana e Hortênsio Langa.
Por outro lado haverá a inauguração de uma oficina de literatura e outra de poesia com o declamador Jaime Santos, que irá preceder a leitura de alguns versos de José Craveirinha e de outros autores.
O campus da Universidade Eduardo Mondlane pretende levar a cabo esta semana provas em grupos que tem como título “Caça ao Tesouro do Livro”, onde participarão toda a comunidade estudantil daquela maior instituição de ensino superior, tendo como objectivo fazer com que os alunos reflictam sobre a importância do livro no uso diário e na diversificação no campo da investigação científica através da selecção de obras consoante aos cursos que cada um segue. No fim das provas será seleccionado o melhor grupo, que receberá como prémio um livro.
Ainda na semana do livro a Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS) da mesma universidade promove um debate sobre a literatura internacional, que contará com a presença da consagrada escritora moçambicana Paulina Chiziane.
Mãos à obra casa dos escritores!
SR. DIRECTOR!
Antecipadamente, quero agradecer a V. Excia pela divulgação desta singela opinião na página dos leitores e exaltar o facto de ela ser defensora de um dos direitos do cidadão. O propósito tem a ver com três opiniões inseridas nesta página, datas de 16, 18 e 24 de Outubro relativas à nossa espaçosa casa de escritores moçambicanos.
Sei ainda que a AEMO é e será eternamente viveiro dos escritores a exemplo de grupos de jovens que tem aproximado, sendo o mais recente o núcleo Arrebenta Xithocozelo, acolhido na AEMO pela direcção de Juvenal Bucuane, que propôs assinalar a passagem de mais um ano da morte da poetisa Noémia de Sousa, em que convidaram para oradores, a escritora Paulina Chiziane, a prof. Fátima Mendonça e ainda Nelson Saúte. Ou o NELO que até assinou um memorando de entendimento com a casa dos escritores. Quanto a Cindoca, a meu ver, quis expressar o seu saudosismo, muito a AEMO lhe ajudou na administração do centro social, contudo teve percalços na gestão que não importa aqui referir; até porque o SilaBar virou de barraca para um apresentável mini-restaurante, os tempos são outros, há que mudar as vontades!
Falo em modesta qualidade de poeta que sempre se achou no direito de acercar-me de assuntos que norteiam a vida da casa, embora, nunca tenha-me integrado em algum elenco directivo. Aliás, as portas sempre estiveram abertas. Para os que se acham habitantes da ausência que não fiquem com o rabo de fora, pois as tertúlias devem acontecer como sempre, com ou sem Ungulanis, que sejam a partir de agora eles mesmos Whites de futuro. Recordem-se que Rui Nogar fez questão de eleger a “Charrua” como a geração do futuro.
Um facto, caricato, é de que estas opiniões vêem a alicerçar que a AEMO é, sem dúvidas, a casa que representa em primeira instância os escritores independentemente de sectarismos que, em certa medida, nos engrandecem. É tradição na AEMO que a maioria dos escreventes que por lá calcorreiam, virarem bons governantes, jornalistas de proa, poetas e prosadores laureados e isso orgulha bastante por darem o contributo à sociedade.
Para mim, o escritor ou poeta que se preze como tal deve condimentar ser um verdadeiro animal político, que existe dentro de si e não limitar ser cultor da exclusão. Deve contribuir com ideias salutares na vasta sementeira do futuro, e que arregace as línguas, por que não? Para não se esquecer dos tempos do trabalho voluntário, dando mostras da sua legítima preocupação.
Deixemos de lamúrias unindo os corações em prol da justa causa da AEMO. Não individualizemos a casa. Um palco está ora edificado para acolher a todos, até mesmos os medíocres que normalmente proliferam em qualquer geração.
A minha singela opinião, a AEMO devia marimbar-se do estatuto de ser também editora para não se banalizar, cingindo-se apenas em chancelar grandes antologias, obras monumentais, de referência académica, ou seja, histórica e pugnar-se na defesa dos direitos sociais dos seus membros; sindicalizando-se.
- Amin Nordine
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